TRANSFORMAÇÃO
Darei amplíssima extensão à sorte,
Que ela seja como assim marcar;
Nem que receba a provação da morte,
Nem que me venham angústias sufocar...
Serei como uma nau sem luz, sem norte.
Por cima da bondade hei de saltar,
Terei um coração gelado forte,
Só uma coisa eu não farei: matar.
Não mais atenderei a elogios
Farei dos sonhos escárnios, desafios,
Na mais real e agreste hostilidade,
Não chorarei, não mais darei esmola,
Não quero mais os livros nem escola
Pois tudo aqui na terra é falsidade!
(Eglê S. Machado)
22/08/1963
Este soneto hoje me faz rir, mas quando o criei sentia-me a mais humilhada das mulheres desta terra, aos dezenove anos. Meu namorado (que mais tarde se tornaria meu esposo) rompeu nosso namoro alegando que não tinha condições de se casar comigo. Oh, céus! Como eu fiquei revoltada! Foram seis longos meses de separação, e eu evitava até cruzar com ele na rua. Mas ele sentiu saudades e pediu para voltar. Aí eu “consenti”.
1 comentários:
À medida que ia lendo "TRANSFORMAÇÃO", percebi uma grande desilusão nas entrelinhas. Só após o final, entendi o porque de tanto desalento.
Pois deveria ter mostrado para ele. Perdeu uma ótima oportunidade de declarar mais uma vez o grande amor que os unia.
Mais uma vez, parabéns!
Abraços.
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